sexta-feira, 2 de julho de 2010

Sempre os mesmos!

Nada muda... Tudo fica!
Os mesmos nomes, cargos diferentes...
Os favores que se ficam a dever em tempo de eleições e que são depois pagos mais tarde...

Os mais velhos recordam os tempos em que "as pessoas eram avaliadas pelo que sabiam, não pelo que tinham; pelos livros que liam, não pelos autógrafos desenhados na primeira página de um livro nunca aberto; pela experiência de vida". Nos pilares da democracia as pessoas eram avaliadas pelo esforço individual, pelo mérito, pelo conhecimento, pela cultura, por todo um curriculum acumulado ao longo de uma vida.

Hoje em dia valoriza-se a esperteza, a rapidez com que se enriquece, com que se engana o próximo sem ser apanhado... Exigem-se os subsídios estatais como se se tratassem de meras obrigações e depois quem os recebe nem sequer os investe nas áreas que compete, no desenvolvimento, na prevenção de tornar a acontecer mas sim em bens materiais do momento, da nossa época, nos plasmas, no carro novo, nos óculos de sol e roupas de marca...

As pessoas encostam-se ao rendimento mínimo garantido. Rende mais não trabalhar. Num país onde se combate a crise (o que é a crise?!) com um aumento de impostos e com a introdução de portagens em acessos vitais ao desenvolvimento em vez da redução da despesa pública, dos ordenados e regalias dos deputados, do cancelamento das grandes obras públicas.

Entrámos num ciclo vicioso sem retorno. Como podemos mudar esta mentalidade do "deixa-andar" quando os próprios políticos não dão o exemplo?! Há muito que os valores essenciais da política e o sentimento de se estar a lutar pelo desenvolvimento de um país melhor em prol da população que nele habita, se desvanceram.

Um bom político, tal como as pessoas de outros tempos, deixou de ser avaliado pela sua experiência e conhecimento e passou a ter o dom da palavra, do fala-barato que consegue convencer um grande público e um certo número de investidores a suportarem as campanhas eleitorais. O "poder" é agora a palavra-chave, a "quintinha" de uns quantos que fazem "favores" uns aos outros, que se fecham nesta especíe de legião, de clube nocturno.

Vamos a factos:
- Manuel Pinho, ex-ministro da economia, que protagonizou o célebre par de chifres, é agora presidente da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva (um economista num cargo cultural).

- Mário Lino, ex-ministro das obras públicas, que ficou conhecido pela afirmação relativa ao deserto que é a margem sul do Tejo, tem agora um cargo no Conselho Fiscal da área de seguradoras da Caixa Geral de Depósitos (Mário Lino é licenciado em Engenharia Civil).

- Maria de Lurdes Rodrigues, ex-ministra da educação, que reformou numa altura que era preciso reformar mas de maneira desajeitada (para poupar críticas mais duras), é agora presidente da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (sendo que é doutorada em Sociologia).

- Castro Guerra, ex-secretário de Estado da Indústria e da Inovação é agora presidente da gigante Cimpor.

- Filipe Baptista, ex-secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro chegou a administrador da Anacom.

- Finalmente, Ascenso Simões, ex-secretário de Estado das Florestas adquiriu o cargo de administrador da Entidade Reguladora do Sector Energético.

O que têm estes ex-políticos em comum? Fizeram todos parte do anterior governo PS. Numa altura de contenção, em que a selecção das melhores pessoas para os melhores cargos é imprescíndivel, de modo a optimizar os recursos o governo escolhe os "amigos", os "conhecidos" a quem deve favores. O ciclo perpétua-se.

A esperteza reina! A "fachada" da aparência impera!
Os museus, as bibliotecas, as livrarias, os teatros estão vazios.
Os centros comerciais, os carros, os apartamentos de luxo, os restaurantes caros, esses... esses estão sempre a abarrotar!

Esta crise não é, portanto, uma crise meramente económica. Nem a economia o ponto mais afectado, mesmo com estes grandes lobbies. É, sobretudo, uma crise enorme de valores, valores morais, uma crise de prioridades, uma crise de reflexão, em que o povo, apesar de revoltado apenas olha para o sistema com o intuito de o contornar e não de uma perspectiva exterior com o objectivo de ver o que, realmente, se passa.


baseado no Editorial da revista SÁBADO e no artigo "Quem és tu? Ninguém" de Maria João Lopo Carvalho"

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