sábado, 28 de agosto de 2010

A expulsão de Ciganos

Em consequência das recentes medidas anunciadas por Sarkozy, iniciou-se o repatriamento voluntário de ciganos (sobretudo Romenos e Búlgaros). A estas pessoas, em situação ilegal, foi dada uma ajuda de €300 mais €100 por criança, para que possam iniciar uma nova vida nos seus países de origem.

Nazismo? Estalinismo? Sim e não!

Sim, pelas razões invocadas pelo presidente francês. Ao atribuir, exclusivamente, a culpa de actos de violência e desordem pública a grupos minoritários (apesar de as estatísticas apontarem um maior número de pessoas destas nacionalidades), Sarkozy estigmatiza e discrimina um grupo étnico.

Não, porque, apesar da Roménia e da Bulgária serem estados-membros da UE, estes cidadãos encontram-se em situação ilegal, não estão inseridos em programas de integração na sociedade e não fazem parte do sistema jurídico e financeiro do país acolhedor.

Sendo duro, esta situação é o resultado de imigração livre, sem perspectivas, recursos, horizontes ou futuro. Em vez de se criarem instituições e organizações que promovam movimentos migratórios orientados, com objectivos, que preencham lacunas e empregos negados por cidadãos dos países acolhedores, enfim, que orientem a vida e dêem uma nova oportunidade a pessoas sem nada; vemos intermediários sem escrúpulos a enriquecer, fazendo entrar milhares de escravos em camionetas sem ar e barcos sobrelotados. Sanções ainda mais severas deveriam ser aplicadas a estes "libertadores", por prometerem uma vida utópica, por estarem directamente envolvidos na morte de muitas pessoas que padecem durante estas viagens angustiantes.

Em vez de se promover uma imigração consciente, em que os próprios países envolvidos, pudessem colaborar, trocar informações; vemos grandes centros urbanos serem invadidos por pedintes, delinquentes, sem-abrigo, crianças perdidas, sendo isto fruto de uma "esquerda" irresponsável que, ao promover tão aberta circulação de pessoas, não é capaz de lhes assegurar um emprego e vida condignos.

Muitas vezes, estes mesmos imigrantes, não tiveram outra opção. Fugiram de conflitos, de situações instáveis, de catástrofes naturais. Mas estes não devem ser considerados imigrantes. São refugiados que merecem toda a ajuda necessária, pelo menos até estarem reunidas as condições necessárias ao seu regresso.

Agora também, há que ser moderado. Cada caso é um caso. Não podem ser feitas generalizações. Não são os Romenos, ou os Búlgaros, ou os ciganos. Muitos deles fazem parte da sociedade em que se inseriram e não podem, em qualquer altura, ser discriminados, nem tratados de forma menos igual do que os seus concidadãos.

As coisas complicam-se quando os países envolvidos pertencem a uma União, dita, de livre circulação de pessoas e bens, e quando o lema da França inclui as palavras Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Life

What is life? A thing of dynamism, fragility, beauty, danger and evanescence, gushing forth from a single source, to be sure. But here the certainties end: what does it take to be alive? Are viruses and prions alive? How many branches are there on our tree? The harder we look, the more complexities we find. With the recent creation of synthetic bacteria (Mycoplasma laboratorium, seen issuing from its own domain) even the surety of a single common ancestor disappears into smoke.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Um passo atrás!

"Hospitais sem especialistas
Os hospitais de Santa Maria e Pulido Valente, em Lisboa, que integram o Centro Hospitalar de Lisboa Norte, não têm médicos especialistas nas escalas de serviço para assegurar as urgências internas no período diurno, das 08h00 às 20h00, nos dias úteis da semana."


Como forma de diminuir a despesa pública o governo decidiu cortar as escalas de médicos especialistas nas urgências durante o período diúrno. Obrigatoriamente um serviço de urgência tem duas equipas principais, uma de cirurgia - que recebe casos cirúrgicos, traumas, hemorragias - e uma de medicina interna que assegura os casos patológicos menos sensacionalistas, com menos sangue - infecções, problemas metabólicos, enfartes do miocárdio.

Dependendo da gravidade pode ou não ser necessária uma consulta pelo especialista, seja ele um Neurologista, um Otorrino, um Oftalmologista ou de uma outra área. O que acontecia até aqui é que estas especialidades estavam asseguradas nas escalas de urgência. Não todas mas as mais comuns. Cardiologia para enfartes graves do miocárdio. Neurologia para AVCs graves. Neurocirurgia para traumas graves na cabeça. Otorrinolaringologia para complicações de infecções respiratórias.

É óbvio que a manutenção destes profissionais nas urgências é dispendioso. No entanto se um paciente chegar às urgências com um destes casos graves, o que antes demorava uns míseros 5min a reunir a "equipa de ataque", agora pode demorar muito mais do que isso.

O médico especialista pode estar a meio de uma cirurgia programada e ter de abandoná-la para prestar uma urgência. Outro pode estar no meio de uma consulta externa e ter de atrasar os seus 50 doentes para dar um salto às urgências e ver outro, enquanto os primeiros já não vão jantar a casa porque o médico se atrasou num procedimento complicadíssimo que salvou a vida do segundo.

Não é ético. Dá a sensação de uma perda enorme de credibilidade dos profissionais de saúde. Eu pessoalmente não gostaria de ver o médico a sair do seu consultório quando a minha consulta estava marcada há vários meses. Em vez de progredirmos para uma maior qualidade dos serviços de saúde parece que se perdeu a noção das áreas certas onde proceder a tais cortes financeiros.

Nestes casos mais graves deveria haver uma avaliação pre-hospitalar ainda no veículo de transporte (ambulância, etc) de modo a evitar uma passagem pelas urgências centrais. O paciente seria assim encaminhado directamente para a unidade mais adequada à sua patologia, como por exemplo, para os cuidados intensivos da cardiologia, da neurologia, para o isolamento da infecciologia (falando nas admissões mais comuns e excluíndo a medicina interna).

Caso para dizer, se estiver prestes a ter um ataque de coração, espere só mais um bocadinho até as 20h!

Estará a Democracia condenada?!

Embora discordando de alguns pontos do texto original (que pode ser visto aqui), fiz um pequeno resumo e algumas afirmações/questões.

Ao longo dos tempos temos passado por diferentes modelos de Estado.
Começámos com o Estado Feudal em que a figura do rei/imperador era principalmente simbólica, em que a autoridade se exercia localmente (barões, condes, etc). Com o passar do tempo o rei conseguiu impôr mais firmemente a sua vontade aos seus vassalos e, entrámos no Absolutismo, cujo ponto alto se deu na Revolução Francesa. Já após os conflitos entre constitucionalistas e absolutistas no século XIX entramos na era da democracia em que se abandona a ideia da figura soberana e se adopta a ideia de que o povo é soberano, que o Estado é seu servidor com todas as suas responsabilidades sociais.

Funções atribuídas anteriormente à família (ou igreja) - ajuda na doença, nos acidentes, no desemprego, na velhice - passam para o Estado e os cidadãos tornam-se dependentes deste Estado social que, tentando ser responsável, visa a ajuda e integração dos cidadãos mais fracos, menos favorecidos e menos sortudos.

Posteriormente entramos numa fase em que o Estado balança as suas contas tendo em conta o défice produzido e as ajudas europeias o que permite uma época de ideias igualitárias, decadentes, em cima do joelho e sem fundamento. Transmite-se a noção de que vivemos num país cor-de-rosa. Que, apesar das dívidas constantes, poucas são as mudanças porque as políticas europeias permitem esta folga e a população activa ainda é relativamente grande, o que permite que se assegurem os rendimentos mínimos e pensões aos mais desfavorecidos.

A longo prazo o país torna-se insustentável. O Estado vê-se obrigado a pedir ajuda ao estrangeiro transformando-se ele próprio num pedinte, num parasita. Sendo isto consequência do excessivo aumento de impostos, do excesso de dívida pública que se tornou crónica, do desincentivo à produção, do sentimento de bem-estar e 'deixa-andar' da classe média.

A consequência lógica que se pode tirar destes pontos é a perda de soberania nacional que tantas batalhas, conquistas e sangue derramado tinham assegurado até aqui. Os governantes estrangeiros passam a mandar, a defender os seus interesses e o de empresas e cidadãos dos seus países. O mais grave é que apesar de o Estado se sentir conquistado prefere este conforto de outros países que asseguram uma economia pequena em vez de tomar medidas de austeridade sérias que incidam no corte da despesa pública, no corte nas áreas estatais que dão despesa, no corte das grandes obras públicas, no investimento em empresas estrangeiras que queiram sitiar em Portugal, no apoio aos pequenos comerciantes de tantas baixas citadinas, no apoio responsável aos mais desfavorecidos, no corte do rendimento mínimo garantido a quem esteja desempregado há mais de um ano e que não se tenha formado entretanto em tantos centros de emprego...

A continuar desta forma o Estado social cai por terra, torna-se insustentável.

Recentemente foram muitos (e ainda são) os países à beira da bancarrota. Felizmente criou-se o Banco Central Europeu que actuou e actua como salvador, assegurando as dívidas desses países. Felizmente? Outra consequência lógica: os Estados-membros, ao saberem que seram ajudados em caso de dificuldade não vão fazer esforço absolutamente nenhum para controlar as suas contas. Pricipitando-me para a conclusão: sabe bem ser político num país a beira da bancarrota nos dias que correm. O sentimento de representatividade de um país há muito se desvaneceu, a protecção do povo é assegurada em forma de fachada, não por mérito do Estado claro que, agora, só olha para cima, para os interesses da UE e dos senhores do Banco Central. Estes últimos, sem ter sido disparado um único tiro, controlarão a maior parte dos países da união sendo que os seus membros serão maioritariamente dos países que mais tempo aguentaram - Inglaterra, Alemanha e França.

E, mesmo assim estaremos condenados. Com os apertos financeiros a taxa de natalidade baixa ainda mais, a populção activa decresce e a população sénior que trabalhou uma vida inteira aumenta exponencialmente. Torna-se insustentável assegurar as reformas e surgem tumúltos e revoltas por todo o lado. Os movimentos locais e regionais proliferam. O conflito, a estagnação e a opressão regressam.

Que soluções? Serão as políticas liberais capazes de reacender a economia?
Surgirão mais movimentos nacionalistas na tentativa de abrandarem ou mesmo pararem esta evolução?
Estará sequer este texto correcto em termos cronológicos?

A ver vamos...